Uma vasta rede criminosa especializada em roubo e comercialização ilegal de fertilizantes agrícolas em Mato Grosso foi desmantelada, culminando na condenação de oito indivíduos. A sentença, resultado da Operação Placebo de 2022, revela a sofisticação de um esquema que causou prejuízos milionários ao agronegócio do estado.
Sete dos envolvidos foram condenados por organização criminosa e furto qualificado de fertilizantes, enquanto um oitavo foi condenado apenas por furto qualificado. Dois outros réus foram absolvidos por falta de provas. Apesar das condenações, a Justiça permitiu que os réus recorressem da decisão em liberdade, já que estavam soltos durante a instrução do processo e não havia razões para mantê-los presos preventivamente.
A sentença também determinou o confisco de bens dos condenados ligados à organização criminosa. A lista de ativos apreendidos inclui uma impressionante quantidade de 40 veículos e 6 imóveis, além de diversos equipamentos eletrônicos. Esses bens serão leiloados antecipadamente.
Operação Placebo: Revelando a engenhosidade criminosa 652md
A Operação Placebo, deflagrada em abril de 2022 por uma força-tarefa que incluiu o Gaeco, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Judiciária Civil e Polícia Militar, tinha como foco combater a prática sistemática de crimes contra carregamentos de fertilizantes. A ação resultou no cumprimento de mandados de busca e apreensão e prisões preventivas em diversas localidades de Mato Grosso (Rondonópolis e Cáceres) e Mato Grosso do Sul.
As investigações mostraram que os criminosos causaram um prejuízo superior a R$ 39 milhões a empresas de transporte, agenciamento, produção e comercialização de fertilizantes. O grupo utilizava métodos variados: em alguns casos, roubavam a carga completa e ainda conseguiam cooptar os motoristas. Em seguida, trocavam o fertilizante original por material adulterado ou de baixa qualidade para entregar aos produtores rurais.
Essa substituição causava perdas diretas nas lavouras, além de impactar toda a cadeia de agronegócios. O fertilizante verdadeiro, após ser roubado, era adulterado e multiplicado com adição de produtos inferiores, sendo posteriormente revendido a outros produtores como se fosse legítimo.
Descobriu-se também que empresas eram usadas para “legalizar” as transações fraudulentas, emitindo notas fiscais falsas para a entrada e venda do material roubado, dando-lhe uma falsa aparência de legalidade.